Bem colocada essa questão sobre os cargos comissionados. Reforço que a proposta que existia, até pouco tempo atrás de retirar o direito a estabilidade do servidor público corrobora com essa percepção, pois é essa que garante a autonomia do servidor em atuar sempre dentro da legalidade e dos demais princípios constitucionais, não se submetendo a pressões por interesses que não sejam públicos. Nesse sentido, a perda da estabilidade favoreceria o Patrimonialismo, pois por meio de pressões ao agentes públicos sujeitos ao simples risco de demissão, se obteria mais facilmente a realização de ações em prol de interesse de cunho pessoal, com desvio de finalidade pública, favorecendo a corrupção.
O patrimonialismo e a burocracia são dois modelos de administração pública que tiveram impacto significativo ao longo da história. Embora tenham ênfases diferentes, ambos podem afetar negativamente a eficiência e transparência do governo, criando oportunidades para práticas corruptas, nepotismo e dilapidação do patrimônio público.
O patrimonialismo é caracterizado pela apropriação do Estado e dos recursos públicos por parte das elites no poder. Nesse modelo, o Estado é tratado como propriedade privada e seus recursos são utilizados para benefício pessoal, em vez de servir ao interesse público. O patrimonialismo cria um ambiente propício para a corrupção, uma vez que os recursos estatais são utilizados de forma arbitrária e sem prestação de contas, abrindo espaço para desvios, favorecimentos e clientelismo.
Por outro lado, a burocracia é um sistema de administração baseado em regras e procedimentos rígidos. Embora seja projetada para garantir a ordem e a eficiência, a burocracia pode se tornar excessivamente lenta, ineficiente e propensa à falta de transparência. A rigidez das normas e a burocracia excessiva podem dificultar a tomada de decisões e a implementação ágil de políticas públicas, o que pode abrir espaço para a corrupção e a dilapidação do patrimônio público, especialmente quando há pouca fiscalização e prestação de contas.
Ambos os modelos têm o potencial de minar a eficiência e a transparência do governo, comprometendo o bem-estar da sociedade. Para garantir uma administração pública eficaz, é fundamental combater a corrupção, promover a transparência e fortalecer os mecanismos de prestação de contas. Isso inclui a implementação de controles internos adequados, a promoção de uma cultura de integridade, a participação cidadã e a adoção de políticas que incentivem a responsabilização dos gestores públicos.
É essencial que os governos busquem constantemente melhorar a governança e combater práticas que comprometam a eficiência e a transparência do setor público. A adoção de medidas anticorrupção, a profissionalização do serviço público e a criação de mecanismos de controle mais eficientes são passos importantes para fortalecer a administração pública e promover o interesse público acima dos interesses particulares. Somente assim será possível construir um governo eficiente, transparente e responsável, capaz de promover o desenvolvimento sustentável e atender às necessidades da sociedade como um todo.
Penso que neste caso, cabe destacar uma característica da organização que é a IMPESSOALIDADE, em que o sistema se fundamenta nas leis e não nas pessoas. Os líderes, tanto quanto seus subordinados (funcionários), ganham para trabalhar, executando suas funções de modo honesto e quando isso não acontece de modo efetivo, a corrupção passa a ser o caminho para a destruição do país.
Tanto o patrimonialismo quanto a burocracia, foram formas de administração pública, cada qual com maior ênfase em determinada época da história. Estes conceitos afetam a eficiência e transparência do governo pois dão margem a atos de corrupção, nepotismo e, dilapidação do patrimônio público.
Esses dois modelos citados, ao meu ver, foram tentativas de organizar e/ou reorganizar a administração pública, mas enquanto houver líderes e subordinados, que não querem enxergar o bem comum, toda e qualquer nova tentativa será frustrada.