Teorias das Políticas Públicas.

políticas públicas – Jornal da USP

TEORIAS DAS POLÍTICAS PÚBLICAS – PARTE 1

O campo das políticas públicas tem sido influenciado por uma variedade de teorias e modelos de análise. Entre as teorias contemporâneas, destacam-se as abordagens de redes de políticas públicas e coalizões de defesa. Conforme argumentam autores como Rhodes (1997) e Sabatier (1999), a gestão de políticas públicas é cada vez mais complexa e envolve diversos atores, tanto dentro quanto fora do setor público.

A perspectiva de redes de políticas públicas reconhece que as políticas são criadas e implementadas por uma rede de atores que incluem governos, organizações privadas, grupos de interesse e cidadãos. A governança é compartilhada entre esses atores, e a colaboração é necessária para atingir os objetivos das políticas públicas. Já a abordagem de coalizões de defesa enfatiza o papel de grupos de interesse que se unem para influenciar a tomada de decisão no processo político. Esses grupos podem ser formais ou informais, e sua capacidade de influenciar a política depende de sua habilidade de construir alianças estratégicas (Sabatier, 1988).

Esses conceitos estão associados a um movimento mais amplo de diminuição do papel do Estado como executor direto das políticas públicas, em favor de uma estrutura mais colaborativa e policêntrica. Essa nova estrutura requer a construção de redes e coalizões de defesa, que permitem que os atores cooperem para atingir objetivos compartilhados.

O conceito de governabilidade também é relevante nesse contexto. A governabilidade refere-se à capacidade do governo de governar efetivamente, levando em conta a legitimidade e o apoio político e social. A governabilidade é fundamental para o desenvolvimento e a implementação de políticas públicas. No entanto, ela não garante automaticamente o sucesso das políticas públicas. É necessário também ter em mente o conceito de governança, que se refere à capacidade de gestão e implementação das políticas públicas.

As teorias contemporâneas de políticas públicas destacam a complexidade das políticas públicas e a necessidade de colaboração entre atores diversos. A construção de redes de políticas públicas e coalizões de defesa é vista como uma forma eficaz de lidar com essa complexidade. Além disso, é importante reconhecer a importância tanto da governabilidade quanto da governança para o sucesso das políticas públicas.

REDES DE POLÍTICAS PÚBLICAS

Redes de computadores o que é tipos e funções

Nos últimos anos, as redes de políticas públicas se tornaram uma área de estudo relevante no campo da administração pública e das políticas públicas. As redes são estruturas multifacetadas que envolvem diferentes atores, como governo, organizações da sociedade civil e empresas, em um processo colaborativo para resolver problemas públicos complexos. Nesse item, serão apresentados os principais conceitos e modelos teóricos das redes de políticas públicas, bem como as suas aplicações práticas.

As redes de políticas públicas são definidas como estruturas complexas de múltiplos atores que trabalham juntos para lidar com problemas públicos complexos que não podem ser resolvidos por um único ator ou por um único setor. Esses problemas requerem abordagens inovadoras e colaborativas, envolvendo diferentes formas de expertise e recursos. As redes de políticas públicas têm sido estudadas sob diferentes perspectivas teóricas, como a teoria de redes, a teoria de governança, a teoria de advocacy e a teoria da coalizão.

A teoria de redes enfatiza a importância da estrutura das relações entre os atores em uma rede de políticas públicas. Essa estrutura pode ser analisada em termos de densidade, centralidade e conectividade, e influencia a eficácia e a eficiência da rede. A teoria de governança, por sua vez, enfatiza o papel das normas, valores e regras na regulação da colaboração entre os atores. A teoria de advocacy destaca a importância da mobilização de recursos e da pressão política para a promoção de mudanças em políticas públicas, enquanto a teoria da coalizão enfatiza a importância da formação de alianças estratégicas entre os atores.

é importante mencionar que a abordagem das redes tem sido amplamente utilizada como uma forma de compreender a complexidade das interações entre os diversos atores envolvidos na implementação de políticas públicas. A rede pode ser entendida como um conjunto de atores interdependentes, que interagem entre si para alcançar objetivos comuns.

Segundo Klijn e Koppenjan (2016), as redes de políticas públicas são caracterizadas por três elementos principais: atores, relações e recursos. Os atores são indivíduos ou organizações que possuem interesses e recursos que podem ser mobilizados em prol da implementação da política pública. As relações entre esses atores são as interações que ocorrem entre eles, que podem ser de natureza colaborativa ou conflitante. Os recursos referem-se aos meios que os atores possuem para alcançar seus objetivos, como recursos financeiros, humanos e tecnológicos.

Ainda de acordo com Klijn e Koppenjan (2016), as redes de políticas públicas podem ser classificadas em três tipos: redes de governo, redes de governança e redes de governo-governança. As redes de governo são aquelas em que o Estado exerce um papel central na coordenação da implementação da política pública, enquanto as redes de governança são caracterizadas por uma maior participação da sociedade civil e do setor privado na coordenação da implementação da política pública. As redes de governo-governança combinam elementos das duas abordagens anteriores, com o Estado desempenhando um papel importante na coordenação, mas com uma maior participação da sociedade civil e do setor privado.

Além disso, é importante mencionar que as redes de políticas públicas podem ser influenciadas por diversos fatores, como interesses políticos, pressões de grupos de interesse, contextos históricos, culturais e institucionais, entre outros. Devido a essa complexidade, as redes de políticas públicas exigem uma abordagem integrada e holística para a análise e gestão. Nesse sentido, autores como Rhodes (1997) e Sørensen e Torfing (2007) destacam a importância da abordagem de governança em redes, que busca entender as dinâmicas de poder e influência entre os diversos atores envolvidos na implementação da política pública. Essa abordagem enfatiza a importância da colaboração, do diálogo e da construção de consensos entre os atores envolvidos na rede.

Aplicações práticas

As redes de políticas públicas têm sido aplicadas em diversos contextos, como saúde, educação, meio ambiente e segurança pública. No Brasil, a experiência mais conhecida é a Rede de Saúde Mental e Economia Solidária, que envolve diferentes atores na promoção de políticas públicas para a inclusão social de pessoas com transtornos mentais.

Outra aplicação prática das redes de políticas públicas é a sua utilização na promoção da participação cidadã e da transparência. As redes podem ser utilizadas para promover a colaboração entre governos e sociedade civil na formulação, implementação e avaliação de políticas públicas. Além disso, as redes podem ser utilizadas como uma ferramenta para a monitoração e a avaliação das políticas públicas, uma vez que permitem a coleta de informações de diferentes fontes e a análise de múltiplas perspectivas.

Por fim, é importante ressaltar que a abordagem das redes de políticas públicas tem sido amplamente utilizada no Brasil, em particular na análise de políticas sociais e ambientais. Autores como Dagnino et al. (2014) e Abrucio e Costa (2015) destacam a importância das redes na construção de soluções integradas e participativas para os desafios enfrentados pelas políticas públicas no país.

As redes de políticas públicas têm se mostrado uma abordagem eficaz para a resolução de problemas públicos complexos em diferentes áreas. Os seus modelos teóricos fornecem uma base sólida para a análise e o desenvolvimento de redes de políticas públicas. As suas aplicações práticas têm demonstrado que as redes são uma ferramenta poderosa para a promoção da colaboração, da participação cidadã e da transparência na formulação, implementação e avaliação das políticas públicas.

COALIZÕES DE DEFESA

Trabalho em equipe faz a diferença - Grupo Amanhã

O sistema de coalizões de defesa é um elemento fundamental da estrutura de políticas públicas, e essa expressão é derivada do termo Advocacy Coalition Framework (ACF). Diversos modelos teóricos foram desenvolvidos no campo das políticas públicas para explicar o processo complexo de formulação e implementação de políticas públicas. O modelo tradicional, conhecido como o ciclo de políticas públicas, compreende fases como formação de agenda, formulação, implementação e avaliação. No entanto, existem métodos de estudo mais analíticos, como o Modelo de Coalizões de Defesa, que insere as políticas públicas em ambientes mais dinâmicos. Essa visão permite compreender as políticas públicas sob o ponto de vista do processo de mudança pelo qual elas passam, reconhecendo a necessidade de defender interesses que não são estáticos, uma vez que as demandas da sociedade mudam com o tempo.

A maioria das bibliografias sugere uma fuga das noções tradicionais do "triângulo de ferro", que considera apenas os atores em vários níveis de governo na formulação e implementação de políticas. Esses modelos também consideram os jornalistas, pesquisadores e analistas políticos que desempenham papéis importantes na geração e disseminação de políticas públicas. De acordo com Sabatier (1989, p. 139), o meio mais útil para agregar atores, a fim de compreender a mudança política em longos períodos de tempo, é por meio de "coalizões de defesa". Essas coalizões são formadas por pessoas de diversas posições (eleitos e agentes oficiais, líderes de grupos de interesse, pesquisadores) que compartilham um sistema de crenças em particular - ou seja, valores básicos, suposições causais e percepções acerca de problemas - e que apresentam um grau de atividades coordenadas ao longo do tempo.

O Modelo de Coalizão de Defesa é um modelo de análise que busca fugir da sistematização do ciclo de políticas públicas. Sabatier e Weible (2007) afirmam que o ACF está alicerçado sobre três bases: 1) nível macro, no qual a maior parte das políticas ocorre entre os especialistas dentro de um subsistema de política, mas seu comportamento é afetado por amplos fatores socioeconômicos e do sistema político; 2) nível meso, no qual a solução para lidar com a multiplicidade de atores em um subsistema é agregá-los em coalizões de defesa; e 3) nível micro (modelo do indivíduo), no qual a convicção vem a partir da psicologia social.

O modelo de coalizão de defesa defende a ideia de que os atores têm crenças políticas fortes e que buscam maneiras de transformar suas crenças em políticas reais. Assim, o modelo não permanece apenas em um nível teórico, mas busca atingir seu aspecto prático. (Sabatier, 1989; Sabatier e Weible, 2007).

TEORIA DE GOVERNANÇA

Evolução e desafios na Governança Corporativa – C&S Projetos e Mercado

A teoria de governança é uma abordagem que enfoca a forma como as políticas públicas são formuladas, implementadas e avaliadas em contextos complexos e dinâmicos. Ela destaca a importância da colaboração e coordenação entre atores públicos e privados em diferentes níveis de governança para alcançar objetivos comuns.

Autores como Osborne e Gaebler (1992) cunharam o termo "governança empreendedora", que destaca a necessidade de uma gestão pública mais flexível, focada em resultados e orientada para o mercado. Já a literatura sobre governança corporativa, iniciada por autores como Jensen e Meckling (1976), inspirou a aplicação do conceito ao setor público.

A teoria de governança é amplamente utilizada na análise de políticas públicas, especialmente no estudo de políticas complexas e interdependentes, como as políticas de meio ambiente, saúde e educação. Autores como Rhodes (1996) e Kooiman (1993) propuseram modelos de governança que enfatizam a importância da colaboração, redes de atores e múltiplas formas de regulação.

A teoria de governança também destaca a importância da participação cidadã e da transparência nas políticas públicas. Autores como Gaventa (2006) e Fung (2015) defendem a necessidade de uma "governança participativa", que envolva a sociedade civil na formulação e implementação de políticas públicas.

A literatura sobre governança continua a evoluir, com novas abordagens sendo propostas para lidar com os desafios emergentes da gestão pública. Autores como Sørensen e Torfing (2011) propuseram o conceito de "governança colaborativa", que enfatiza a importância da cooperação entre atores públicos, privados e civis para resolver problemas complexos.

TEORIA DO CICLO DAS POLÍTICAS PÚBLICAS DE LASWELL

Harold Laswell

A teoria do ciclo das políticas públicas de Harold Lasswell é um modelo conceitual que busca explicar como as políticas públicas são formuladas e implementadas. Segundo o modelo, o processo de formulação e implementação de políticas públicas passa por uma sequência lógica de etapas que vão desde a identificação do problema até a avaliação dos resultados obtidos. O modelo foi proposto na década de 1950 por Harold Lasswell, um dos principais teóricos da Ciência Política.

O ciclo das políticas públicas de Lasswell é composto por seis fases: a) agenda-setting (definição da agenda), b) formulação de políticas, c) adoção de políticas, d) implementação de políticas, e) avaliação de políticas, e f) revisão de políticas. De acordo com Lasswell, essas fases não são necessariamente sequenciais e podem ocorrer simultaneamente ou mesmo em ordem inversa.

Na primeira fase, agenda-setting, é identificado um problema que exige uma resposta do governo. O problema pode ser colocado na agenda de políticas públicas por grupos de pressão, organizações da sociedade civil, partidos políticos, governos, mídia ou indivíduos. Na segunda fase, formulação de políticas, são desenvolvidas opções para abordar o problema identificado. Nesta fase, são considerados os recursos disponíveis, os interesses envolvidos, a viabilidade política e a compatibilidade com as políticas existentes.

Na fase da adoção de políticas, as opções formuladas são selecionadas para implementação. Essa seleção pode ser feita pelo poder executivo, pelo legislativo ou por ambos. Na fase de implementação de políticas, as políticas selecionadas são colocadas em prática pelos órgãos responsáveis. Nesta fase, são levados em conta aspectos como a capacidade institucional, a alocação de recursos, a coordenação entre órgãos e a participação da sociedade.

Na fase de avaliação de políticas, é feita uma análise dos resultados obtidos a partir da implementação das políticas públicas. Essa análise pode ser quantitativa ou qualitativa e busca avaliar se os objetivos foram alcançados, se houve impactos negativos ou positivos, e se houve desvios em relação ao previsto. Na sexta e última fase, revisão de políticas, são realizados ajustes e correções nas políticas públicas com base nas avaliações realizadas.

Apesar de ter sido proposta há mais de seis décadas, a teoria do ciclo das políticas públicas de Lasswell ainda é utilizada por estudiosos e profissionais de políticas públicas. O modelo é considerado útil para entender o processo de tomada de decisão governamental e para guiar ações para melhorar a efetividade das políticas públicas.

Referências Bibliográficas

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FUNG, A. Putting the public back into governance: the challenges of citizen participation and its future. Public Administration Review, v. 75, n. 4, p. 513-522, 2015.

GAVENTA, J. Power and participation. Development in Practice, v. 16, n. 2, p. 126-135, 2006.

JENSEN, M. C.; MECKLING, W. H. Theory of the firm: managerial behavior, agency costs and ownership structure. Journal of Financial Economics, v. 3, n. 4, p. 305-360, 1976.

KLJIN, Erik-Hans; KOPPENJAN, Joop. Política y gobernanza en la Unión Europea. Barcelona: Ediciones Paidós Ibérica, 2016.

KOOIMAN, J. Governing as governance. London: Sage Publications, 1993.

LASSWELL, Harold D. The policy orientation. In: DANZIGER, James N. (ed.). Understanding the political world. 6th ed. New York: Pearson Longman, 2008. p. 102-125.

OSBORNE, D.; GAEBLER, T. Reinventing government: how the entrepreneurial spirit is transforming the public sector. Reading: Addison-Wesley, 1992.

RHODES, R. A. W. The new governance: governing without government. Political Studies, v. 44, n. 4, p. 652-667, 1996.

RHODES, R. A. W. Understanding governance: policy networks, governance, reflexivity, and accountability. Buckingham: Open University Press, 1997.

SABATIER, P. A. An advocacy coalition framework of policy change and the role of policy-oriented learning therein. Policy Sciences, v. 21, n. 2-3, p. 129-168, 1988.

SABATIER, Paul A. The advocacy coalition framework: an assessment. In: SABATIER, Paul A. (Ed.). Theories of the policy process. Boulder, CO: Westview Press, 1989. p. 117-166.

SABATIER, P. A. Theories of the policy process. Boulder: Westview Press, 1999.

SABATIER, Paul A.; WEIBLE, Christopher M. The advocacy coalition framework: innovations and clarifications. In: SABATIER, Paul A.; WEIBLE, Christopher M. (Eds.). Theories of the policy process. 3rd ed. Boulder, CO: Westview Press, 2007. p. 189-220.

SØRENSEN, E.; TORFING, J. Enhancing collaborative innovation in the public sector. Administration & Society, v. 43, n. 8, p. 842-868, 2011.

SØRENSEN, E.; TORFING, J. Theories of democratic network governance. New York: Palgrave Macmillan, 2007.

 

Fórum de Discussão

Car@ cursista,

Informamos que a avaliação desta disciplina será realizada através da participação ativa no fórum de discussão. Para isso, é importante que vocês respondam à pergunta proposta ou a qualquer um dos assuntos tratados na aula e também comentem as respostas dos colegas.

Lembrem-se de que a participação é fundamental para o processo de aprendizagem e para enriquecermos nossas reflexões e debates sobre o assunto abordado na disciplina. Portanto, encorajo todos vocês a participarem ativamente do fórum, trazendo suas perspectivas e opiniões sobre o tema.

Além disso, salientamos que a participação no fórum também pode contribuir para a nota de participação, que é uma das formas de avaliação utilizadas nesta disciplina. Dessa forma, é importante que todos se empenhem em participar e contribuir para a construção do conhecimento coletivo.

Lembramos também que o fórum é um espaço de diálogo e respeito mútuo, por isso, é fundamental que todos se expressem com civilidade e cordialidade, evitando qualquer tipo de ofensa ou desrespeito aos colegas.

Por fim, reforçamos o convite para que todos participem ativamente do fórum de discussão, pois isso contribuirá para uma aprendizagem mais rica e efetiva.

Atenciosamente,

Equipe CEGESP

 

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Optamos por esse tipo de procedimento/controle, porque ficará mais fácil tanto para @ cursista quanto para a equipe pedagógica acompanhar a entrega das avaliações.

Desejamos boa sorte na avaliação!

 

Pergunta de Partida:

Olá a todos! Hoje vamos adentrar ao campo da teoria das políticas públicas, uma área que busca compreender os processos de formulação, implementação e avaliação das políticas adotadas pelos governos. Minha pergunta para iniciar nossa discussão é a seguinte:

Quais são as principais teorias das políticas públicas que vocês consideram relevantes e como elas contribuem para a compreensão dos processos políticos e sociais envolvidos na formulação e implementação de políticas públicas?

Vamos explorar juntos essas teorias e compartilhar nossas perspectivas e conhecimentos. Aguardo suas contribuições para enriquecer nossa conversa!

 

Tópico: Teorias das Políticas Públicas.

Teoria das políticas públicas

Uma forma de classificar as teorias das políticas públicas é de acordo com a forma como elas entendem o processo de política pública. Nesse sentido, podemos distinguir três gerações de abordagens:

A primeira geração é composta pelos modelos que veem o processo de política pública como um conjunto de etapas bem definidas e sequenciais, como a formulação, a implementação e a avaliação. Esses modelos assumem que as políticas são resultado de decisões racionais baseadas em evidências e que há uma separação clara entre os atores que formulam e os que implementam as políticas. Alguns exemplos desses modelos são o ciclo de políticas públicas e o modelo de fluxos múltiplos.
A segunda geração é formada pelas abordagens que reconhecem que o processo de política pública é mais complexo e dinâmico do que os modelos anteriores sugerem. Essas abordagens levam em conta o papel dos contextos, dos arranjos institucionais e dos diversos atores que participam e influenciam as políticas, cada um com seus interesses, crenças e ideias. Alguns exemplos dessas abordagens são o institucionalismo histórico, a teoria da escolha racional e a teoria da coalizão de defesa.
A terceira geração é composta pelas perspectivas que enfatizam a complexidade institucional e o gerenciamento do processo de política pública. Essas perspectivas consideram que as políticas são fruto de interações entre atores heterogêneos e interdependentes, que operam em redes ou sistemas complexos, adaptativos e auto-organizados. Alguns exemplos dessas perspectivas são a governança em rede, a teoria dos sistemas complexos e a teoria da mudança social estratégica.
Cada uma dessas teorias contribui para a compreensão dos processos políticos e sociais envolvidos na formulação e implementação de políticas públicas, mas também apresenta desafios e limitações. Por isso, é importante ter uma visão crítica e comparativa das diferentes abordagens, reconhecendo seus pontos fortes e fracos, suas semelhanças e diferenças, suas implicações práticas e normativas.

Teorias das políticas públicas

Dentre as diversas teorias de políticas públicas, pode-se destacar a teoria de rede, a teoria de governança, a teoria de advocacy e a de coalizão. Cada teoria enfatiza um aspecto diferente que vai ser determinante para a política pública. A teoria de rede, por exemplo, foca na importância da estrutura das relações entre os atores em uma rede de políticas públicas. A teoria de governança enfatiza o papel das normas, valores e regras na regulação da colaboração entre os atores. A teoria advocacy destaca a importância da mobilização de recursos e da pressão política para a promoção de mudanças em políticas públicas. Por fim, a teoria da coalização destaca a importância da formação de alianças estratégicas entre os atores.

Teorias das Políticas Públicas

Harold Lasswell propôs uma simplificação e divisão do processo de construção e desenvolvimento da política pública em sete estágios, circunscritos ao âmbito governamental, a saber: informação, promoção, prescrição, invocação, aplicação, término e avaliação.
Tal proposta entendia a construção das políticas governamentais a partir de uma lógica simples e linear e passou por várias críticas.
Uma delas, interna ao campo da análise política em desenvolvimento, mas que também pode ser atribuída à própria concepção de política adotada no âmbito governamental, foi manter a análise restrita a este âmbito, como se toda a política pública se constituísse dentro dos limites do aparelho estatal.
De fato, não se pode falar em políticas públicas sem a intervenção de governo, tendo em vista que estas não se desenvolvem seguindo um processo linear, como por exemplo, a simples introdução de um problema na agenda não implica necessariamente a passagem à etapa seguinte, qual seja a da análise de alternativas.
Ou, em outro exemplo, a tomada de decisão nem sempre é precedida de uma discussão consensual entre atores políticos e privados. Essas ações que se desenvolvem em cada etapa não têm início e fim claramente definidos. As políticas públicas estão constantemente definindo-se e redefinindo-se, de forma continuada, em um processo de retroalimentação e em função de mudanças no contexto no qual se desenrola a ação. O processo de elaboração de políticas públicas, constitui-se na prática, em um processo complexo, com limites incertos e caracterizados pela interconexão existente entre políticas.
Para entender as políticas públicas como um processo de negociação e interação entre o Estado e grupos sociais gera um debate que domina boa parte da disciplina até os dias de hoje. O objetivo deste tipo de análise é captar a distribuição do poder político na sociedade e as implicações desta distribuição na tomada de decisões e no desenvolvimento de políticas, políticas estas que surgem como resultados desta integração conflituosa entre grupos sociais.

TEORIAS DAS POLÍTICAS PÚBLICAS.

Certamente, a Teoria das Redes de Políticas Públicas e a Teoria das Coalizões de Defesa são duas abordagens importantes no estudo das políticas públicas. Teoria das Redes de Políticas Públicas, enfoca as interações complexas e interdependentes entre atores (indivíduos, organizações, agências governamentais, grupos de interesse) que participam do processo de políticas públicas. Em resumo, essa teoria contribui para uma compreensão mais rica dos processos políticos e sociais ao enfatizar a complexidade das interações entre os atores envolvidos nas políticas públicas.
A Teoria das Coalizões de Defesa se concentra na influência dos grupos de interesse na formulação e implementação de políticas públicas.
Ambas as teorias contribuem para uma visão mais completa dos processos políticos e sociais envolvidos na formulação e implementação de políticas públicas. A Teoria das Redes de Políticas Públicas enfoca as interações entre atores em uma política, enquanto a Teoria das Coalizões de Defesa destaca o papel dos grupos de interesse na definição das políticas governamentais. O entendimento dessas teorias pode ajudar os formuladores de políticas e estudiosos a navegar nos complexos cenários de políticas públicas e identificar influências e dinâmicas-chave.

Teorias das Políticas Públicas

As teorias das políticas públicas contribuem para a compreensão dos processos políticos e sociais envolvidos nas políticas públicas de várias maneiras. Elas destacam a importância da colaboração entre atores diversos, a influência de grupos de interesse, a necessidade de governança eficaz e a evolução contínua das políticas públicas em resposta às mudanças na sociedade.
Entre as teorias contemporâneas, destacam-se:
• Teoria das Redes de Políticas Públicas: Essa teoria reconhece a complexidade das políticas públicas e enfatiza que elas são criadas e implementadas por uma rede de atores que inclui governos, organizações privadas, grupos de interesse e cidadãos. A colaboração é fundamental para atingir os objetivos das políticas públicas. Isso ajuda a entender como múltiplos atores trabalham juntos para resolver problemas públicos complexos.
• Teoria das Coalizões de Defesa: Esta teoria enfatiza o papel de grupos de interesse que se unem para influenciar o processo político. Essas coalizões compartilham sistemas de crenças comuns e coordenam esforços para promover mudanças em políticas públicas. Isso ajuda a entender como grupos de interesse exercem influência e moldam as políticas.

TÓPICO: TEORIAS DAS POLÍTICAS PÚBLICAS

As duas principais teorias das políticas públicas são as abordagens de redes de políticas públicas e coalizões de defesa, ambas são relevantes.
A perspectiva de redes de políticas públicas reconhece que as políticas são criadas e implementadas por uma rede de atores que incluem governos, organizações privadas, grupos de interesse e cidadãos. A governança é compartilhada entre esses atores, e a colaboração é necessária para atingir os objetivos das políticas públicas. Já a abordagem de coalizões de defesa enfatiza o papel de grupos de interesse que se unem para influenciar a tomada de decisão no processo político. Esses grupos podem ser formais ou informais, e sua capacidade de influenciar a política depende de sua habilidade de construir alianças estratégicas (Sabatier, 1988).

TEORIA DAS POLÍTICAS PÚBLICAS

Entre as teorias contemporâneas, as principais são as abordagens de redes de políticas públicas e coalizões de defesa. A primeira demonstra a importância da estrutura das relações entre os atores em uma rede de políticas públicas. Essa estrutura pode ser analisada em termos de densidade, centralidade e conectividade, e influencia a eficácia e a eficiência da rede. Já a segunda defende a ideia de que os atores têm crenças políticas fortes e que buscam maneiras de transformar suas crenças em políticas reais. Assim, o modelo não permanece apenas em um nível teórico, mas busca atingir seu aspecto prático.

Teoria das políticas públicas

As teorias de políticas públicas, como redes de políticas públicas, coalizões de defesa, teoria da governança e teoria do ciclo das políticas públicas de Laswell, oferecem perspectivas distintas sobre os processos políticos. Redes de políticas públicas destacam a colaboração entre atores diversos na formulação. Coalizões de defesa enfatizam grupos de interesse que influenciam decisões. A teoria da governança examina relações entre setor público e privado. O ciclo das políticas públicas de Laswell abrange reconhecimento do problema, formulação, implementação e avaliação. Essas teorias enriquecem nossa compreensão dos mecanismos subjacentes à criação e execução das políticas.

Teorias das Políticas Públicas

As principais teorias contemporâneas das políticas públicas são as abordagens de redes de políticas públicas e coalizões de defesa, além delas há a teoria do ciclo das políticas públicas de Harold Lasswell, e a governança.

A construção de redes de políticas públicas e coalizões de defesa é vista como uma forma eficaz de lidar com a complexidade das políticas públicas. São conceitos que advém de uma perspectiva de diminuição do papel do Estado na execução das políticas públicas, num viés mais colaborativo e policêntrico, e essa nova estrutura requer atores que cooperem para atingir os objetivos. Nesse sentido, a perspectiva de redes de políticas públicas reconhece que as políticas são criadas e implementadas por uma rede de atores que incluem governos, organizações privadas, grupos de interesse e cidadão, já a abordagem de coalizões de defesa enfatiza o papel de grupos de interesse que se unem para influenciar a tomada de decisão no processo político.

Em relação a contribuição dessas abordagens para a compreensão dos processos políticos e sociais envolvidos na formulação e implementação de políticas públicas, pode dizer que as redes de políticas públicas são estruturas multifacetadas que envolvem diferentes atores, como governo, organizações da sociedade civil e empresas, em um processo colaborativo para resolver problemas públicos complexos que não podem ser resolvidos por um único ator ou por um único setor. Elas tem sido estudadas sob diferentes perspectivas teóricas, como a teoria de redes (um conjunto de atores interdependentes, que interagem entre si para alcançar objetivos comuns, é uma forma de compreender a complexidade das interações entre os diversos atores envolvidos na implementação de políticas públicas); a teoria de governança (enfatiza o papel das normas, valores e regras na regulação da colaboração entre os atores); a teoria de advocacy (destaca a importância da mobilização de recursos e da pressão política para a promoção de mudanças em políticas públicas) e a teoria da coalizão (enfatiza a importância da formação de alianças estratégicas entre os atores).

No Brasil, a experiência mais conhecida é a Rede de Saúde Mental e Economia Solidária, que envolve diferentes atores na promoção de políticas públicas para a inclusão social de pessoas com transtornos mentais. As redes podem ser utilizadas para promover a colaboração entre governos e sociedade civil na formulação, implementação e avaliação de políticas públicas. Além disso, as redes podem ser utilizadas como uma ferramenta para a monitoração e a avaliação das políticas públicas, uma vez que permitem a coleta de informações de diferentes fontes e a análise de múltiplas perspectivas. Têm se mostrado uma abordagem eficaz para a resolução de problemas públicos complexos em diferentes áreas. Os seus modelos teóricos fornecem uma base sólida para a análise e o desenvolvimento de redes de políticas públicas. As suas aplicações práticas têm demonstrado que as redes são uma ferramenta poderosa para a promoção da colaboração, da participação cidadã e da transparência na formulação, implementação e avaliação das políticas públicas.

O modelo de coalizões de defesa insere as políticas públicas em ambiente mais dinâmico do que o ciclo das políticas públicas que conhecemos. Trata-se de uma maneira que permite compreender as políticas públicas sob o ponto de vista do processo de mudança pelo qual elas passam, reconhecendo a necessidade de defender interesses que não são estáticos, uma vez que as demandas da sociedade mudam com o tempo.

A teoria do ciclo das políticas públicas de Harold Lasswell é um modelo conceitual que busca explicar como as políticas públicas são formuladas e implementadas. Segundo o modelo, o processo de formulação e implementação de políticas públicas passa por uma sequência lógica de etapas que vão desde a identificação do problema até a avaliação dos resultados obtidos. É composto por seis fases: a) agenda-setting (definição da agenda), b) formulação de políticas, c) adoção de políticas, d) implementação de políticas, e) avaliação de políticas, e f) revisão de políticas. De acordo com Lasswell, essas fases não são necessariamente sequenciais e podem ocorrer simultaneamente ou mesmo em ordem inversa. Ela é considerada útil para entender o processo de tomada de decisão governamental e para guiar ações para melhorar a efetividade das políticas públicas.

A teoria de governança é uma abordagem que enfoca a forma como as políticas públicas são formuladas, implementadas e avaliadas em contextos complexos e dinâmicos. Ela destaca a importância da colaboração e coordenação entre atores públicos e privados em diferentes níveis de governança para alcançar objetivos comuns. É amplamente utilizada na análise de políticas públicas, especialmente no estudo de políticas complexas e interdependentes, como as políticas de meio ambiente, saúde e educação. A teoria de governança também destaca a importância da participação cidadã e da transparência nas políticas públicas. Autores como Sørensen e Torfing (2011) propuseram o conceito de "governança colaborativa", que enfatiza a importância da cooperação entre atores públicos, privados e civis para resolver problemas complexos.

TEORIAS DAS POLÍTICAS PÚBLICAS – PARTE 1

As teorias de política pública nos remetem à de como e porque devem serem e dos quatro tipos que são: as distributivas, as redistributivas, as regulatórias e as constitutivas, a que considero mais relevante (não menos importante) é a redistributiva que busca a promoção do bem-estar social, como um todo.

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