Sejam bem-vindos ao tópico sobre técnicas de análise de problemas e tomada de decisão, onde abordaremos várias ferramentas e técnicas que podem ser utilizadas para apoiar a tomada de decisão no setor público. A tomada de decisão envolve escolher a melhor opção entre várias alternativas, e essa escolha pode ser difícil devido à complexidade dos problemas que os gestores públicos enfrentam.
Para lidar com essa complexidade, é importante contar com ferramentas de análise de problemas e de apoio à tomada de decisão. Entre as ferramentas que vamos explorar nesta aula estão a Análise SWOT, Análise de Custo-Benefício, Matriz de Eisenhower, Matriz GUT, Matriz de Decisão, Análise Multicritério, Matriz de Decisão, Análise de Pareto, Método Fato-Causa-Ação (FCA), Gestão de Riscos como Ferramenta de Tomada de Decisão e Tomada de Decisão e Análise de Cenários.
Veremos como essas técnicas podem ser aplicadas em situações reais do setor público, ajudando a identificar e solucionar problemas, avaliar alternativas e tomar decisões mais informadas e eficazes. Vamos começar!
4.1 Análise SWOT
A Análise SWOT (do inglês Strengths, Weaknesses, Opportunities, Threats, em português Forças, Fraquezas, Oportunidades e Ameaças) é uma ferramenta utilizada na gestão empresarial para análise do ambiente interno e externo de uma organização. A ideia é identificar os pontos fortes e fracos da empresa, bem como as oportunidades e ameaças do mercado em que atua.
A análise SWOT, conforme Leite e Gasparotto (2018), é geralmente representada em um quadro com quatro quadrantes, cada um representando uma das categorias da análise. Os pontos fortes e fracos dizem respeito às características internas da organização, enquanto as oportunidades e ameaças se referem ao ambiente externo.
Os pontos fortes são aquelas características da empresa que a diferenciam das outras no mercado, ou seja, são vantagens competitivas. As fraquezas, por sua vez, são aspectos internos que a organização precisa melhorar, como processos ineficientes, falta de recursos ou problemas de gestão.
Já as oportunidades são situações externas que a empresa pode aproveitar para se destacar no mercado, como uma nova demanda dos consumidores ou uma mudança na legislação que favoreça o seu negócio. As ameaças são situações externas que podem prejudicar a empresa, como a entrada de novos concorrentes, crises econômicas ou mudanças no comportamento do consumidor.
A análise SWOT é uma ferramenta simples e eficaz para identificar os pontos fortes e fracos da organização e as oportunidades e ameaças do mercado. Com base nessa análise, é possível traçar um plano de ação para aproveitar as oportunidades e minimizar as ameaças, além de corrigir as fraquezas e fortalecer os pontos fortes da empresa.
Aplicações da análise SWOT no setor público
A análise SWOT, para Leite e Gasparotto (2018), é uma ferramenta amplamente utilizada no setor público para identificar forças, fraquezas, oportunidades e ameaças relacionadas a uma determinada situação, programa, política pública ou organização. Aqui estão alguns exemplos de como a análise SWOT pode ser aplicada no setor público:
Planejamento estratégico: uma agência governamental pode usar a análise SWOT para identificar suas forças e fraquezas internas, bem como as oportunidades e ameaças externas em seu ambiente operacional, a fim de desenvolver um plano estratégico de longo prazo.
Implementação de políticas públicas: a análise SWOT pode ser usada para avaliar as possibilidades de sucesso de uma nova política pública, identificando as forças e oportunidades que podem ajudar na sua implementação, bem como as fraquezas e ameaças que precisam ser abordadas.
Gestão de projetos: a análise SWOT pode ser aplicada para identificar os fatores internos e externos que podem afetar o sucesso de um projeto específico, ajudando os gerentes a antecipar e gerenciar riscos.
Planejamento urbano: uma análise SWOT pode ser usada para avaliar a situação atual de uma cidade ou região, identificando seus pontos fortes e fracos em relação à qualidade de vida, transporte, educação, segurança pública, entre outros aspectos.
Análise de concorrência: órgãos governamentais podem aplicar a análise SWOT para avaliar as forças e fraquezas de empresas concorrentes no mercado, bem como as oportunidades e ameaças para o setor como um todo.
Esses são apenas alguns exemplos de como a análise SWOT pode ser aplicada no setor público, e há muitas outras maneiras em que essa ferramenta pode ser usada para tomada de decisão.
4.2 Análise de custo-benefício
A Análise de Custo-Benefício é uma técnica de análise de problemas e tomada de decisão que busca avaliar se os benefícios de um projeto, programa ou política pública superam seus custos. Ela envolve a identificação, mensuração e comparação de todos os custos e benefícios relevantes, sejam eles financeiros ou não financeiros, diretos ou indiretos, tangíveis ou intangíveis.
Essa técnica é bastante utilizada no setor público para avaliar a viabilidade de projetos e programas governamentais, bem como para justificar a alocação de recursos públicos em determinadas iniciativas. A análise de custo-benefício é especialmente importante em momentos de escassez de recursos, quando as escolhas sobre onde investir devem ser feitas de forma cuidadosa e estratégica.
Para realizar a análise de custo-benefício, é necessário primeiro definir o escopo do projeto ou programa em questão, bem como os seus objetivos e metas. Em seguida, devem ser identificados e mensurados todos os custos e benefícios relacionados a esse projeto ou programa. Os custos incluem despesas com pessoal, materiais, equipamentos, entre outros. Já os benefícios podem incluir ganhos financeiros, melhoria na qualidade de vida da população, impacto positivo na economia, entre outros.
A partir da análise dos custos e benefícios, é possível calcular o valor presente líquido (VPL) do projeto, que indica se os benefícios superam os custos ao longo do tempo. Também é possível calcular a taxa interna de retorno (TIR), que indica qual é a rentabilidade do projeto em relação ao seu custo.
A análise de custo-benefício é uma técnica importante para a tomada de decisão no setor público, pois permite uma avaliação criteriosa e sistemática dos projetos e programas governamentais, garantindo que os recursos públicos sejam alocados de forma eficiente e eficaz.
Aplicação da análise custo-benefício no setor público
A análise custo-benefício é uma ferramenta utilizada para avaliar se um projeto ou política pública é viável em termos financeiros e econômicos. Essa técnica consiste em identificar e quantificar todos os custos e benefícios associados a um determinado projeto ou política, de forma a permitir uma comparação entre eles.
Um exemplo de análise custo-benefício no setor público é a avaliação econômica de políticas públicas, que consiste na análise dos custos e benefícios de uma determinada política em relação aos seus efeitos na economia e na sociedade. Por exemplo, a avaliação econômica pode ser aplicada na análise de programas de saúde, educação, transporte, meio ambiente, entre outros.
Outro exemplo de aplicação da análise custo-benefício no setor público é a avaliação de projetos de construção de rodovias. Nessa análise, são levados em conta os custos diretos da construção da rodovia, como o custo do asfaltamento e dos materiais utilizados, assim como os custos indiretos, como o impacto ambiental e o deslocamento das pessoas afetadas pela obra. Com base nessa avaliação, é possível decidir se o projeto é viável ou não e se os benefícios esperados superam os custos envolvidos.
No contexto do setor público, a análise custo-benefício é amplamente utilizada na avaliação de projetos de infraestrutura, políticas sociais, programas de saúde, entre outros. É uma ferramenta importante para garantir que os recursos públicos sejam alocados de forma eficiente e que as políticas públicas tenham um impacto positivo na sociedade.
Dentre os autores acadêmicos que se dedicaram a essa área, destaca-se o economista americano William Baumol, que desenvolveu a teoria do "custo de deslocamento". Segundo Baumol, a análise custo-benefício deve levar em conta não apenas os custos e benefícios diretos do projeto ou política, mas também os custos e benefícios indiretos, como os custos de deslocamento das pessoas envolvidas. Outro autor importante nessa área é o economista Nicholas Stern, que se dedicou a avaliar o custo-benefício de políticas de mitigação e adaptação às mudanças climáticas.
Outros autores acadêmicos que contribuem para a análise custo-benefício no setor público incluem Richard Thaler, que estuda os efeitos de vieses cognitivos na tomada de decisões econômicas, Amartya Sen, que propôs a avaliação de políticas públicas a partir de uma perspectiva de capacidades, e Jeffrey Sachs, que defende a utilização de abordagens multidisciplinares para a análise de políticas públicas.
Referências:
BAUMOL, W. J. Welfare economics and the theory of the state. Harvard University Press, 1965.
COVEY, S. R. Os sete hábitos das pessoas altamente eficazes. BestSeller, 1989.
HESSELBEIN, F., & Goldsmith, M. Liderança para um mundo que está mudando: ideias para a prática. Elsevier, 2009.
THALER, R. H. Mental accounting matters. Journal of Behavioral Decision Making, v. 12, n. 3, p. 183-206, 1999.
SEN, A. Development as freedom. Oxford University Press, 1999.
Stern, N. The economics of climate change: the Stern review. Cambridge University Press, 2007.
SACHS, J. D. The end of poverty: economic possibilities for our time. Penguin Books, 2005.
4.3 Matriz de Eisenhower
A Matriz de Eisenhower é uma ferramenta de gestão de tempo que permite classificar tarefas em quatro categorias, de acordo com sua importância e urgência. A matriz foi desenvolvida pelo ex-presidente dos Estados Unidos, Dwight D. Eisenhower, e é amplamente utilizada tanto no setor público quanto no privado.
A matriz consiste em quatro quadrantes: importante e urgente, importante e não urgente, não importante e urgente, não importante e não urgente. As tarefas importantes e urgentes devem ser priorizadas e realizadas imediatamente, enquanto as tarefas importantes, mas não urgentes, devem ser agendadas para serem realizadas em um momento oportuno. As tarefas não importantes, mas urgentes, devem ser delegadas, e as tarefas não importantes e não urgentes devem ser eliminadas.
No setor público, a Matriz de Eisenhower pode ser utilizada para priorizar as atividades dos gestores, políticos e servidores públicos. Por exemplo, um gestor pode utilizar a matriz para priorizar as demandas de diferentes setores de sua unidade, determinando quais são mais importantes e urgentes e, portanto, merecem mais atenção e recursos. Um político pode usar a matriz para priorizar suas atividades de campanha, priorizando as ações que são importantes e urgentes, como reuniões com líderes comunitários ou eventos públicos.
Em relação aos autores acadêmicos, a Matriz de Eisenhower é uma das ferramentas mais conhecidas e amplamente utilizadas na gestão do tempo e na tomada de decisão. Embora não haja um autor específico associado à matriz, o conceito de priorização de tarefas com base em sua importância e urgência é amplamente discutido na literatura acadêmica sobre gestão e tomada de decisão. Por exemplo, Covey (1989) defende a importância de se concentrar nas atividades importantes e não urgentes para alcançar objetivos de longo prazo, enquanto que Hesselbein e Goldsmith (2009) destacam a importância de estabelecer prioridades claras para aumentar a eficiência e a eficácia na tomada de decisão.
Referências Bibliográficas
EISENHOWER, Dwight D. The President's News Conference of April 2, 1954. The American Presidency Project, 1954. Disponível em: https://www.presidency.ucsb.edu/documents/the-presidents-news-conference-april-2-1954. Acesso em: 11 mar. 2023.
COVEY, Stephen R. First things first. New York: Simon & Schuster, 1994.
DRUCKER, Peter F. O executivo eficaz: guia definitivo para fazer bem feito as coisas certas. São Paulo: Nobel, 2002.
COLLINS, James C. Good to great: why some companies make the leap and others don't. New York: HarperCollins, 2001.
DUHIGG, Charles. Mais rápido e melhor: os segredos da produtividade no trabalho e na vida. Rio de Janeiro: Objetiva, 2016.